Uma prova disso é a primeira estreia que a emissora lançou neste ano. "Pesadelo na Cozinha" trás Erik Jacquin no comando, o chef conhecido pelo seu jeito bonachão e ácido como jurado do "Masterchef" e que ganhou o carinho do público.
O novo reality é a versão brasileira do "Kitchen Nightmares", conhecido aqui por já ter sido exibido em canais pagos como o GNT e o Fox Life. "Kitchen Nightmares" mostra o famoso chef Gordon Ramsey atendendo a pedidos de ajuda de donos de restaurantes cujos estabelecimentos estão à beira da falência. E em meio aos mais diversos tipos de adversidades, ele consegue reerguer o lugar.
Jacquin tem a mesma missão no "Pesadelo na Cozinha". Ele ajuda bares e restaurantes a saírem do sufoco que eles mesmos causaram. Ao final, o estabelecimento ganha um novo visual e tudo parece estar bem. Mas para quem já assistiu a versão original, percebe um aspecto interessante em que a versão nacional se assemelha muito.
Nos cinco episódios já apresentados, pudemos ver que o motivo principal para os restaurantes estarem em péssima situação são os próprios donos. Muitas vezes orgulhosos, não conseguem admitir que eles são os verdadeiros culpados e não aceitam mudanças. Tanto que pudemos presenciar várias divergências entre eles e Jacquin (sendo que foram eles que se inscreveram para o programa). Com isso, os funcionários ficam desmotivados, e nada mais dá certo.
Erik Jacquin está impecável na apresentação. E arrisco dizer que tem se saído muito melhor que Ramsey. O chef francês é rígido nas broncas (merecidas, aliás), e sempre tem comentários sensatos sobre a situação dos estabelecimentos. Não grita e nem vocifera palavrões. Postura mais que correta e nada exagerada.
O reality não vai nada mal na audiência, pelo contrário. Após o fim das férias escolares, a atração foi a única das noites de quinta à não cair nos índices. Mesmo competindo com a tradicional "A Praça é Nossa", a prova do líder do "BBB17" e a excelente décima temporada do "Amor & Sexo", tem tido um ótimo desempenho nos números para o padrão da emissora. E em pouco tempo, essa temporada de estreia já teve momentos marcantes.
No primeiro episódio, marido e mulher comandavam o restaurante. Ele o gerente e ela a chef. Ele foi grosseiro diversas vezes com a esposa e até com o próprio pai. Todos acabavam desmotivados e o lugar era prejudicado. Ao final, Jacquin fez as vezes de conselheiro amoroso e tudo parece ter dado certo.
Algo parecido aconteceu no terceiro episódio. A esposa do dono do restaurante fez a inscrição para o programa, já que ele se recusava a pedir ajuda. Orgulhoso e preguiçoso, o marido não concordava com as ideias do chef e chegou a abandonar a cozinha no meio do expediente. Momento "SOS Casamento" entrou em cena novamente.
O segundo episódio foi em um restaurante de comida árabe. Tanto o dono quanto o chef, um refugiado sírio, eram grosseiros e não se entendiam. O quarto foi em um restaurante japonês, onde os três sócios não se entendiam, e acabavam sobrando para o único garçom do estabelecimento. Jacquin promoveu uma dinâmica à lá prova do BBB para que o trio se resolvesse.
Mas o melhor episódio de fato aconteceu nessa terça (21). Uma hamburgueria cujo problema maior não era a gerência, mas sim o atendimento. O único garçom era um sujeito folgado e sem educação que fazia o que bem entendia no trabalho. Era grosseiro com os clientes, gritava e fugia sempre que não aguentava a pressão. O dono o mantinha por pena, mas no final do episódio a paciência esgotou e ele acabou sendo demitido de vez.
O ponto negativo é a péssima estratégia da emissora em alavancar os índices. As chamadas anunciam o programa para as 22h30, mas todos sabemos que nunca começa nesse horário. O atraso chega a ser até de meia hora. Antes disso, a Band escala "Mr. Bean", sempre com os mesmos episódios que são picotados e cortados bruscamente. Falta de respeito com o telespectador.
Mas mesmo com esse problema, "Pesadelo na Cozinha" é uma ótima opção para as noties de quinta-feira. Se a Band souber aproveitar o sucesso sem desgastar, certamente terá um produto de boa longevidade, assim como o "Masterchef".