quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

"Dois Irmãos" foi uma minissérie impecável

A minissérie "Dois Irmãos" terminou semana passada. Adaptada de um romance literário homônimo, a produção sai de cena com um saldo positivo. Elogiada por público e crítica além de uma audiência satisfatória. Enfrentou um grande desafio.

Nem sempre é fácil adaptar obras literárias para a TV. É preciso ser fiel a narrativa do livro ao mesmo tempo que não deixe o público confuso. Além disso, é importante adaptar a emoção passada pelo autor em determinada cena para o audiovisual.

Em muitos aspectos, "Dois Irmãos" teve uma qualidade de encher os olhos. Trazer uma história que retrata Manaus entre os anos 20 e 80 foi muito feliz. É sempre ótimo trazer para a TV lugares do Brasil que muitas pessoas não conhecem. Valoriza a nossa cultura. A marca da direção de Luiz Fernando Carvalho ficou nítida na tela. Trouxe a estética mais fantasiosa mas sem ficar lúdico demais, harmonizando com o tom mais sóbrio do enredo.

A minissérie narrou a saga e a rivalidade dos irmãos Yaqub e Omar (Matheus Abreu/Cauã Reymond), mas não é nenhum equívoco que a grande protagonista foi Zana (Gabriela Mustafá/Juliana Paes/Eliane Giardini). Pois todos os acontecimentos ocorridos foram causados pelas atitudes erradas da matriarca e esposa de Halim (Bruno Anacleto/ Antonio Calloni/ Antonio Fagundes. Sua descarada preferência ao caçula fez desenvolvera mágoa e o rancor no mais velho, e o egoísmo no mais novo que era mimado e não tinha limites.

As atuações foram o ponto alto da produção, uma sucessão de shows. Juliana Paes esteve ótima como a Zana da segunda fase e Eliane Giardini arrasou na terceira. A cena do último capítulo foi simplesmente de cortar o coração. Zana foi levada embora tendo delírios após uma profunda depressão causada pela morte do marido. E Eliane mostrou como é uma atriz completa.Antonio Caloni e Antonio Fagundes também deram um show, ambos na pele de Halim. A cena da morte do patriarca foi um dos pontos altos. Com poucos diálogos, Fagundes emocionou.

Cauã Reymond teve um grande desafio em interpretar os gêmeos de nuances tão contrastantes. Mesmo com suas conhecidas limitações de atuação, ele esteve ótimo. Foi sem dúvida o melhor trabalho de sua carreira. Aliás, Cauã se sai muito melhor nas minisséries (como aconteceu em "Amores Roubados")  que nas novelas, onde ele faz o mesmo tipo de papel. Já Matheus Abreu, que interpretou os gêmeos na fase anterior mostrou-se uma grata revelação.

Com um primor técnico inquestionável e surpreendentes, "Dois Irmãos" se encerra abrindo com chave de diamante a programação da Globo este ano. A Record exibiu quase simultaneamente a vergonhosa série "Sem Volta", agradando apenas os fanáticos pela emissora e acabou ofuscada pela grande produção Global, 2017 mal começou mas já é um forte candidato à melhor minissérie do ano.
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