domingo, 29 de janeiro de 2017

Amadora, "Sem Volta" seria ótima há dez anos atrás

A RecordTV lançou esse mês a minissérie "Sem Volta". Com roteiro assinado por Gustavo Lipsten e direção de Edgard Miranda , a produção ficou três semanas no ar.  Serviu para "cobrir" as férias dos programas da faixx no horário. Terminou com média geral de 6 pontos, mesmos índices que o programa de Xuxa Meneghel conquista no horário por exemplo.

A série gravada no final de 2015 e início de 2016 recebeu chamadas com bastante ação. Fazendo jus à proposta da série que se mostrava interessante. Totalmente inspirado em "Lost", "Sem Volta" contou a história de um grupo de montanhistas que se perde na floresta. Em meio a momentos de tensão, enquanto o passado e os dramas são revelados em flashbacks.

Mas o que se viu durante esses treze episódios foi algo muito aquém do esperado, aquém até da própria proposta apresentada. A minissérie usou e abusou das referências à "Lost", inclusive nos flashbacks dos personagens (que era exibido em um filtro de imagem alaranjado pavoroso, diga-se). Outro problema foi a fotografia. Imagem escura e cinzenta, fez a floresta parecer fake, como se muitas das cenas tivessem sido gravadas em estúdio.

O enredo foi outro ponto que não ajudou em nada. Os flashbacks foram mais movimentados que as cenas da floresta. Pouca coisa aconteceu. Os personagens passaram boa parte dos episódios gritando e brigando desesperados. Juliana (Camila Rodrigues) e Salomão (Angelo Paes Leme) passaram mais tempo discutindo a relação do que agindo para resgatar os perdidos. Aliás, eles só fizeram isso na metade da série.

Apesar de alguns apresentarem conflitos interessantes, os personagens não cativavam. Não dava para torcer para nenhum deles, pelo contrário, o desejo foi que todos morressem tamanha a irritação que muitos causaram. De dez diálogos de Yordi (Silvio Guindane), onze eram com ele gritando. Um insuportável. Outro mala da série doi Solis (Roger Gobeth), eternamente de cara enfezada. Gobeth, aliás, é um ator supervalorizado pela emissora. Elogios dos fãs do canal não faltam. Mas sinceramente? A única coisa que vejo nele são suas caretas de bobalhão. Nunca deixou de ser o Touro da "Malhação".

Algumas das cenas foram boas e causaram tensão, como a queda de Inês (Flávia Monteiro) do penhasco e João (Heitor Martinez) sendo levado pela correnteza. Já outras beiravam o ridículo. Como por exemplo a cena em que Solis teve a perna decepada pelos outros montanhistas. Era para ser a cena mais tensa da série se eles não usassem uma faca de cortar pão para fazer a amputação. Varias facadas foram feitas e o sangue sequer espirrou. Outro momento foi no capítulo final em que Veredas (Nicola Siri) mantém todos refém. O grupo poderia muito bem ter imobilizado o bandido, que aliás, poderia ser enquadrado como um dos criminosos mais canastrões da teledramaturgia brasileira. Muito exagerado.

Como ponto positivo, dá para destacar algumas atuações. Como a de Flávia Monteiro, que estava ótima. Camila Rodrigues e Angelo Paes Leme fizeram uma boa dobradinha e protagonizaram interessantes embates. Silvio Guindane mesmo com os exageros do personagem se saiu muito bem também.

Mesmo assim, "Sem Volta" se mostrou uma produção rudimentar demais até para os padrões da própria dramaturgia da Record. Na verdade, lembrou as produções obscuras que a emissora produzia na década passada. Para um canal que há pouco tempo atrás já produziu as interessantíssimas e bem produzidas séries "Plano Alto" e "Conselho Tutelar", a minissérie pareceu um retrocesso. Acabou sendo ofuscada pela primorosa "Dois Irmãos" que a Globo exibiu no mesmo horário.

Mas cumpriu a missão de pelo menos agradar os fãs da emissora. Os "Recordistas" se esbaldaram em elogios e puxa-saquismos para a produção. Eles que não costumam ser tão críticos com o canal acharam tudo lindo e maravilhoso. Ignoraram as falhar graves, e se jogaram na história.
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